fotos dos traços #2

é tempo de cuidar, 2017

é tempo de cuidar, 2017

xapiri, 2017

xapiri, 2017

sem nome, 2017

portões do mundo, 2017

natureza viva, 2017

natureza viva, 2017

zzzz, 2017

zzzzz, 2017

mirante imbuia,2016

mirante imbuia, 2016

equilibrio humano, 2016

equilibrio humano, 2016

um homem só, 2016

um homem só, 2016

TFG | CIDADE INFORMAL entre o popular e o marginal

Trabalho Final de Graduação – 2016 para a faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi.

Quintal

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“Podemos investigar as causas disso ou daquilo, mas será possível a este pensamento voltar-se para si próprio, por assim dizer, para apreender algo da própria história que o produziu?”
                                                                                                  Terry Eagleton

 

O Quintal de casa era um grande observatório para o mundo que nos cercava.

 

Forjado no terceiro andar de um sobrado autoconstruído, nosso Quintal era encerrado num retângulo por muros de pouco mais de um metro. Era nosso terraço-jardim, nosso refúgio e nosso respiro em meio ao sufoco insalubre e hiperconstruído no qual “a vida nos colocara”.

Erigido sobre o ponto mais baixo do terreno de 5X25 e que, por sua vez, enunciava sem dó um perfil em violento declive – uma verdadeira pirambeira – à medida que se afastava da rua. O Quintal suspenso, e também nossa casa, se revelavam como prova concreta da engenhosidade vertida em ginga de seus astutos construtores.

Conta-se que não foi riscada uma folha de papel sequer no ato de sua concepção. Seu Dézão, a saber, nosso arquiteto, carregava consigo saberes elementares, absorvidos e compartilhados, a duras penas, entre lajes a bater e bocas para alimentar.

Entre bicos e empreitadas, construtores como Seu Dézão, assentaram centenas de famílias recém-chegadas à máquina urbana paulistana. Ajustaram ao lote mínimo as mais diferentes realidades culturais, condições financeiras e perfis familiares, colaborando assim com a fundação de dezenas de comunidades da zona sul da zona sul de São Paulo. E assim, do Iporanga ao Itajaí, do Grajaú ao Icaraí, foi se estruturando a resistência; resistência que, sentenciada pela pobreza, assumiu uma condição subordinada, se agarrando às margens através da sobrevida.

***

Meu irmão e eu, quando não estávamos concentrados nos brinquedos espalhados pelo chão do Quintal, encarávamos o ato de vencer o obstáculo que a mureta representava para nossa visão como uma verdadeira modalidade olímpica. Em nossos poucos centímetros, procurávamos cravar as mãos no topo e com ajuda dos pés, escalar em direção à visão plena. Os poucos segundos de visão, proporcionados pelo impulso dos pés, foram se estendendo à medida que fomos crescendo e buscando novas alternativas – nesse sentido, usar uma cadeira foi algo revolucionário – e com isso, seduzidos pelo nosso próprio mito da caverna, encontramos novos meios e táticas para explorar essa outra extensão da realidade.

A paisagem que circundava nosso Quintal era tudo menos facilmente assimilável: uma massa construtiva rica em complexidade que se descortinava sob nosso campo de visão. Era possível observar as mais ousadas alternativas de se construir e ocupar um território ambientalmente frágil e alheio à população no que diz respeito às suas carências e potencialidades naturais.  Nossa casa, como que num jogo metafisico, compunha o mesmo cenário para aqueles que nos observavam do outro lado da encosta do vale.

Às vezes, levado pela imaginação, eu realizava mentalmente o exercício de recompor a paisagem natural através dos escassos remanescentes vegetais e das pistas que a própria topografia enunciava.  Nunca foi uma tarefa fácil, mesmo depois dos conhecimentos obtidos nos anos de faculdade.

A grande massa construída ocultava qualquer vestígio do que antes ali havia. Esparramando-se por encostas, topos de morro e engolindo com tamanha voracidade extensas planícies e leitos de rios, nossas comunidades se mostravam indiferentes ao território que elas urgentemente ocuparam. O Morar – com M maiúsculo – nunca foi orquestrado no Brasil em função de sua potencial capacidade de apropriação territorial e empoderamento socioambiental. Nossos pais e avós, filhos órfãos da caatinga e do cerrado, encontraram em São Paulo um lógica de produção do espaço que já emitia seus ecos no Sertão: a ditadura da terra abstraída como mercadoria, desvinculando-a totalmente de suas capacidades produtivas

***

Lá em casa, não havia um sermão de nossa mãe que não fosse proferido tomando como referência suas experiências passadas. Para uma criança contrariada isso dificilmente se apresentava como uma boa razão.  Considerávamos um absurdo realizar tal comparação.

Os restos de comida abandonados no prato abriam espaço para os relatos de uma infância marcada pelo trabalho e pela fome, em uma família de roceiros do triângulo mineiro composta por uma mãe solteira, minha vó, e seus cinco filhos. E que numa senda trágica e heroica – À La Retirantes de Portinari – cruzaram o Sudeste na década de 70, movidos pela sedução midiática do trabalho e moradia supostamente disponíveis em uma cidade em crescente expansão.

Às vezes, eram encaixadas no repertório dos sermões, breves análises de como a vida mudou. Em justificativa a negativa de brincarmos na rua, nossa mãe rememorava suas experiências de infância, experiências nas quais o brincar assumia outra escala em relação ao território. Percorrer a galopes a estrada de terra batida por várias léguas, caçar com as mãos codornas ou um tatupéba em meio ao mato, ou até mesmo nadar no rio aproveitando o lavar das roupas, eram atividades cotidianas e que, entre outras coisas, colaboraram com a construção de uma relação simbiótica entre ela e o seu entorno.  Era maravilhoso ouvir tudo aquilo e ao mesmo tempo era frustrante considerar que o nosso brincar agora se resumia ao Quintal.

Embora as justificativas da minha mãe colocassem no “tempo” as razões para tais discrepâncias, nossas experiências e relações sociais comprovavam que essas discrepâncias e desigualdades entre modos de viver não se resumiam à nossa experiência e à dela.

***

Depois do almoço, assistíamos ao cinema americano da década de 90 através da Sessão da Tarde. Nossos sentidos eram bombardeados por peças imagéticas do Macaulay Culkin pedalando sua bicicleta num genuíno subúrbio americano entre vizinhos que regavam seus jardins e crianças que aproveitavam o sol ou andavam de patins entre os extensos gramados e calçadas da vizinhança. Uma sedução infalível do já desgastado American way of life, mas que despertava em nós as mais diversas sensações.

 Nos filmes, isso nunca foi abordado como um privilégio. Em nossa ingenuidade, também não encarávamos como tal.  Afinal, nós estávamos à margem. Nós éramos a exceção e o cinema não tinha obrigação de mostrar a parte “feia” do mundo. As novelas gravadas no Leblon e em Copacabana também não.

Acostumado a esse antagonismo, instalou-se no meu ser ainda em formação a ideia de que para ser visto, respeitado e compreendido, devemos primeiro passar por uma espécie de ascensão.   E a nossa condição, imposta por uma espécie de carma social, exigia de nós uma força de superação baseada numa guerra meritocrática, injusta e equivocada.

 Em paralelo ao meu ingresso na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, através do Prouni (política pública de incentivo ao acesso do ensino superior privado), as comunidades assistiam à sua maior transformação. A paisagem do Quintal nunca mudou tanto. Não só fisicamente, através da expansão de cômodos, acréscimo de reboco, revestimento, lajes e infraestrutura pública, mas também na minha maneira de observa-la e compreende-la.

Hoje, a paisagem do Quintal foi descortinada pelo conhecimento que emancipa, se alterando constantemente no meu imaginário à medida que me debruço sobre ela. E a ideia de que éramos a exceção foi aos poucos sendo superada pela ideia de que também somos a resistência. Somos a sedimentação histórica de diversos modos de vida que ainda não foram completamente suprimidos por uma ideia homogênea, standartizada e totalizante de vida.

***

Texto extraído do trabalho: Cidade Informal: entre o “popular” e o “marginal”.
Luís Henrique Santos de Souza – Fau Anhembi Morumbi – 9º semestre

fotos dos traços

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divórcio

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 Eve Arnold – Divórcio em Moscou (1996)

Naquele momento a tarefa mais difícil era dizer algo. Ela sabia disso. Qualquer palavra proferida terminaria por estrear um novo tato, uma nova condição. Fundariam juntos uma outra relação. Uma nova mulher se enunciaria em resposta à qualquer palavra dita. Um novo homem também. Difícil é pensar no que os dois já foram. Ressentidos pelo passado, prorrogavam no momento presente o futuro. Que desconforto!  Mas o que seria de um divórcio sem o tudo que já se passou ?

Ele leu numa dessas revistas de mesa de centro de sala de espera, uma teoria sobre retas paralelas que se encontram no infinito. O artigo dizia que esse profético encontro, mistificado por muito tempo pela geometria dos gregos, foi descoberto pelo cálculo diferencial e integral, ou alguma coisa assim. O onde e o quando não foram mencionados, mas o tempo foi destacado como o santo casamenteiro dessa união.

Sim, pensou consigo mesmo, o mesmo tempo que contempla o correr paralelo das retas ao infinito, também presencia o seu encontro. E esse encontro, quando comparado às nossas vidas, pode se conformar em inúmeras relações, inclusive o desencontro.

Ele sabia que quem diminui ou aumenta o tempo somos nós mesmos.  – Nós o tornamos relativo, se bobear, ele nem existe, não duvido.

Antes, ela não sabia que quando um laço entre pessoas é criado, assistimos o incio do fim. Isso tem um pouco a ver com o começo da dor, refletiu então.

Chegou a esta conclusão depois de vinte e tantos anos de vida na maior cidade da América do Sul e também algumas conversas com senhoras de meia+chinelo no banco da frente do ônibus. Essas moiras contemporâneas lhe falaram de tempos tão diferentes, no começo ficou confusa.

Engraçado, pensou com acentuada convicção, sempre fez parte do meu gênio querer esclarecer as coisas.Sempre considerei, em certa medida, no meu modo de pensar e agir, a opinião dos outros. Para alguns isso pode parecer patológico, mas para mim isso tem a ver com ética, sim!, Aquela dos gregos, sim!, As suas criticas ao meu “idealismo” só fortaleceram o meu orgulho em relação a ele, mesmo não concordando com o nome que você escolheu para o registro no cartório.

Ela não sabia se deveria julga-lo ou agradece-lo, não sabia se o que pensava, quando dito, a deixaria mais leve ou terminaria por afunda-la.

Nada foi dito. Os olhares nem se quer esboçaram um encontro. Depois da sessão, caberia ao silêncio então inaugurar a nova relação. Quando homens e mulheres se ausentam, o silêncio toma partido.

Podiam ter escrito algo. Mas a partir de amanhã, começarão a achar que o mal estar na civilização pós-moderna tem um pouco a ver com o fim das cartas. Pois bem, podiam vestir a literatura de branco e transforma-la no seu pai de santo, dar fim ao silêncio e enunciar uma nova condição. Porque é tão difícil usar a arte como terapia?


 

dois

 

profecia

 

antes que uma gaivota atravesse
o oceano atlântico

penetrando à revoadas famintas
os céus da América

encontrando pouso no arvoredo morto
de sede
há anos

mas que sustenta curvados ao sol
seus ramos
nunca pedindo por água
tamanha sua indiferença
à chuva

que lava a paisagem bruta
do cerrado

antes que uma gaivota atravesse
o oceano atlântico

você perceberá que a verdade
consiste em descansar
em si mesmo

se ausentar
de querer ser
e enfim
perceber que já é.

sem nome

Ele sabia que aquilo não era verdade.
A vida real não passava de um distante vulto, sempre de passagem.
Suas formas nunca foram definidas, enebriadas e soturnas se ocultavam ao longe.
A despeito do que os olhos ligeiramente denunciavam,emitiam reflexos de outra realidade.
Seus sentidos enganados, foram aglutinados numa fórmula dantes nunca experimentada.
Ruídos escorriam por seus dedos.
Sensações metafísicas.
Fugido do seu corpo, previa seu futuro.

Vislumbrava a eternidade.

 

_____________

à deriva

 

não me peça para dormir na melhor parte
reverencie também essa sensação
cravo meus pés nas rochas
sou escravo da devoção

cabelos
fios deliciando-se ao sabor do vento
dançando a cada sopro
tensos e esquivos em busca de movimento

ensinei teu corpo a expressar a perda
contornei os vales em busca da chama
eu perpetuo a guerra em busca do diálogo

até que a chuva enfim cai
seus olhos se curvam
à deriva
nossos corpos quebram nas ondas

Hype Venus

Vênus, 2015

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Vermelho, 2014

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Cascata escrita, 2014

11336190_1656461654584202_748763236_nWalden, 2015

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Beijo árabe, 2015

Mergulho Encadeado

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“Não nos responsabilizamos por objetos deixados nos armários.”

Dizia o aviso em letras garrafais plastificadas colado na fria e úmida parede do vestiário da ala de natação.
Por imediato impulso, perguntei a recepcionista onde comprar um cadeado e ela rapidamente me indicou uma loja a três quarteirões de distância em que encontraria o que buscava.
Desci as escadas e assim que cheguei à calçada, virei-me e olhei por alguns segundos a movimentada fachada ilustrada por vultos humanos entre vidros, realizando seus exercícios no velho e sóbrio prédio de três andares no qual a academia se instalara.
Por um momento, pensei naquele prédio como um centro de treinamento para super-humanos que tinham como objetivo alcançável anúncios de televisão e ensaios de revistas de boa-forma e bem-estar.
Desviei a atenção e me coloquei a caminho da loja indicada. Meus passos descompromissados me faziam refletir sobre minha ligação com a natação.
Diferente das pessoas que observei, não buscava-a por realização estética ou aprimoramento corporal.

Desde criança, estar submerso me elevava.
Para mim, sermos 70% água sempre fez muito sentido. Não obstante,  acho pouco. Mergulhar em uma piscina me recorda diariamente que sou mar.
Quando estou no litoral, encaro o processo de vencer a praia, quebrar as ondas e submergir como um retorno ao vazio. Um gesto no acaso.
Como que por osmose o “eu” é absorvido. Sou fagocitado. Agora sou mar. A imensidão do oceano me supera.
Quanto mais abissal é meu mergulho, mais alto eu vou. Contemplo a vida de modo ausente com os sentidos em estado passivo, observando cada traço do tempo e espaço com a maior devoção possível. Alcanço um nível de consciência invejável e exploro com uma neutralidade analítica tudo o que me rodeia.
Até que chego ao limite. Meu corpo, na ausência de oxigênio, requer ar. Na diminuição da temperatura corporal; pede por fogo. Na falta de base sólida; roga por terra . Meu corpo não quer ser mar, ou simplesmente não consegue, ainda.

Saio d’água e me dirijo à praia. Não penso em nada, sou apenas um corpo se movendo. Coração batendo, pulmão respirando.
Viro a esquina e encontro a loja indicada. A atendente está ao telefone, parece conversar com seu namorado ou algum pretendente. Atenta ao locutor, morde os lábios e sorri com o canto da boca ao olhar para baixo. Desconcertada, direciona olhares para todas as direções e trata de finalizar a ligação logo que me vê. Saco que logo atrás dela, encontra-se o que procuro.
Informando-a, ela me oferece um cadeado de segredo da Papaiz e me explica gentilmente que a senha deve ser definida assim que eu abrir o fecho. Pago o valor pedido e ali mesmo defino a senha de quatro dígitos –  7000 –  e fecho o cadeado.

mergulhoencadeado02

Provocações – Enquadrando o Centro

Há dias venho criando coragem para escrever sobre assuntos bastante discutidos no campo da Arquitetura e Urbanismo e que quando citados, em uma aula, palestra,seminário ou até em uma conversa informal entre colegas, são tratados de forma pouco critica ou abordados de maneira preguiçosa, confortando-se nas concepções do senso comum.

 _ Enquadrando o Centro

Recentemente, políticas urbanas pró-centro vem ganhando espaço no cenário atual. Entre elas, Casa Paulista, Operação Urbana Centro ,a já extinta Nova Luz e etc. Respeitando suas singularidades e diferentes meios de ação, todas compartilham do mesmo objetivo: tornar novamente o centro¹ em uma região de grande vitalidade, captando recursos para projetos de moradia e incentivos a comércio e serviços, em resumo, requalificação urbana.

Contudo, ignorando a reviravolta na configuração urbana que o séc. XIX e XX presenciaram², ainda existem algumas “cabeças-ocas” do séc. XXI que insistem na ideia de re apropriação do centro de São Paulo como o  único  “centro da cidade”. Não é cabível acreditar que São Paulo, tomando as suas atuais proporções de metrópole, possa retornar a priorizar e evoluir a partir do seu centro e que, como sabemos, não é o único centro histórico da cidade, veja Santo Amaro ,por exemplo.

A cidade, em sua concepção, não se define pelo seu centro histórico ou geográfico, ela se define pelas percepções de quem a vive. Tal apropriação ocorre de maneira local e de individuo para individuo . As cidades contemporâneas são multifacetadas, são peças de quebra-cabeças³ produzidas por seus habitantes que quando montadas ainda assim não formam um todo. Para quem vive fora delas, podem até serem vistas como um conjunto, mas quem vive dentro dessas cidades, sabe que podem existir abismos entre um bairro e outro.

Seria um plano ideal remanejar a população que vive fora do centro para o perímetro central e torná-lo denso e vibrante, “como nos velhos tempos” o que de fato nunca foi verdade. Sabemos ainda que o centro histórico exibe a maior parcela de imóveis tombados do município e com áreas envoltórias que podem limitar a verticalização tornando o adensamento uma tarefa difícil. Em outras palavras, não precisamos virar as costas à periferia e as novas centralidades de São Paulo e idolatrar o centro para construirmos uma cidade sadia e sustentável.

O centro precisa de adensamento? De fato, precisa! Mas não podemos nos esquecer que os Jardins e o Pacaembu, por exemplo, não são densos. Quem, por ousadia, teria coragem de propor o adensamento dessas regiões também? Um morador do Jardim Ângela, um dos bairros mais populosos distantes do centro, mora em uma São Paulo diferente de um morador de Cerqueira César, e ambos têm como o “centro da cidade” o mesmo espaço ou não.

Com a distribuição de equipamentos, moradia e ofertas de emprego, diminuiremos distâncias. Em sua quantidade e qualidade demográfica, São Paulo nunca será uma só. É preciso assumir sua diversidade e trabalhar para torná-la territorialmente democrática. Quanto mais a cidade crescer com maior frequência haverá paulistanos nas bancas de jornal da 15 de novembro perguntando, em interrogação digna de um turista, como chegar a Rua São Bento ou a Praça da Sé.

Mas se apesar de tudo, você continuar alimentando a ideia  quadrada de que a “essência de SP se encontra unicamente no centro” ou “todos deveriam morar/ir para lá”, sugiro que você  esqueça os meios de transporte existentes e comece a propor o teletransporte como alternativa preferencial de locomoção.

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¹ O centro a que o texto se refere, compreende os distritos de sé,república,santa cecília,consolação,bela vista e liberdade.

² Referência a revolução industrial e o consequente surgimento do zoning ,além de outros parâmetros de uso e ocupação do solo, que transformaram a organização espacial da cidade.

³ Parte da definição em Rolnik,Raquel – O que é Cidade – São Paulo – Brasiliense,1995.